Com a pandemia ocasionada pelo COVID-19, eventos de grande porte e que supõe aglomerações foram cancelados, adiados ou suspensos: shows, missas, campeonatos esportivos. Percebemos um impacto na vida das pessoas e das empresas que dependem desses eventos para sobreviver, de alguma forma; econômica, social ou espiritualmente. Aqui, somos aficcionados pelos campeonatos internacionais de futebol, de Fórmula 1 e de Fórmula Indy, e desde o início, em que tiveram o seu calendário alterado, estamos acompanhando as decisões a respeito da sua retomada. A Fórmula 1 e a Fórmula Indy cancelaram ou adiaram os grandes prêmios até pelo menos o mês de junho com retomada prevista para julho de 2020.
Em países como a Bielorrússia, por exemplo, o campeonato de futebol não foi suspenso em nenhum momento. Por outro lado, as cinco grandes ligas [ Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha e França ] suspenderam os jogos, logo que a pandemia foi oficialmente comunicada. Instalou-se um vácuo no mundo dos esportes e ficamos à deriva, recorrendo aos canais de tv que estão transmitindo os campeonatos e eventos passados e consagrados no mundo todo pelos fãs do esporte. As medidas de cancelamento e suspensão foram fundamentais, pois não sabemos com que espécie de vírus estamos lidando e o saudosismo tomou conta dos nossos dias.
No último sábado, entretanto, 16 de maio de 2020, os alemães, com todas as medidas protetivas possíveis, decidiram retornar com a Fußball-Bundesliga; liga profissional de futebol da Alemanha, conhecida como Bundesliga. É a principal competição de futebol do país, originalmente fundada em 1962 na cidade de Dortmund pela Deutscher Fußball-Bund, e agora controlada pela Deutsche Fußball Liga. A volta causou burburinho nas redes sociais e ao mesmo tempo um misto de euforia e expectativa nos torcedores, jornalistas e equipes envolvidas.
A consultoria de imagem, que lida com a aparência, comportamento, comunicação e presença digital também lida com esse tipo de situação relacionada à realização de eventos e cumprimento de protocolos. Por isso, escrevi a respeito desse retorno ao mundo da bola.
Não só por ser a Bundesliga a liga mais lucrativa da Europa, penso que o fato de os alemães serem os primeiros a retomar o campeonato tem a ver, também, com a cultura do país, com a forma de ser de cada povo, e, claro, com os focos e impactos do contágio. Ingleses, italianos e espanhóis suspenderam a Premier League, a Serie A e a La Liga, enquanto, por outro lado, os franceses finalizaram a Ligue 1, dando como vencedor o Paris Saint-Germain; melhor classificado, até o momento. O campeonato holandês, também, foi encerrado, porém, sem declarar campeões.
Enquanto, ingleses, italianos, espanhóis e o mundo assistia de camarote ao recomeço do futebol alemão para saber como se comportar em campo, em função do contágio da covid-19, fiquei de cá captando as informações transmitidas pelos jornalistas ao longo dos jogos de Borussia Dortmund x Schalke 04 e RB Leipzig x Freiburg que foram os primeiros da rodada. Se der certo na Alemanha, seu modelo poderá ser adotado como case de sucesso em outros países que se prepararam para voltar com as partidas oficiais. Dentro de duas semanas, se nada de grave ocorrer, o caminho estará aberto para a volta do futebol. Mas, se por acaso, um desses jogadores ou algum membro da comissão técnica for contaminado – e provado – que foi no gramado atuando, o futebol corre o sério risco de voltar só no próximo ano.
Falando de outros esportes, as disputas na UFC e MMA foram as primeiras a retomar as atividades, adotando as medidas de segurança. Ontem, vimos, também, a NASCAR voltar às pistas no autódromo Darlington Raceway na Carolina do Sul, adotando medidas de proteção para a realização do evento; como o uso de máscaras. Questão sensível, pois estamos lidando com vidas, para a realização dos jogos fantasma; denominação para os jogos sem torcida, a federação alemã recebeu “luz verde” do governo de Angela Merkel, mas não sem medidas protetivas e cercou-se de muitas providências sanitárias, a fim de evitar o contágio pelo novo coronavírus :
Testes em massa
Antes do início dos treinos, todos os jogadores e membros de comissão técnica foram testados duas vezes. Os dois testes tinham que ter resultado negativo para que a pessoa fosse classificada como apta a voltar ao trabalho. Durante a temporada, todas as pessoas serão testadas duas vezes por semana, com uma delas sendo no dia anterior ao jogo que participará, seja jogador, equipe ou apoio. Familiares dos atletas também poderão ser testados pelo menos uma vez no período. Caso alguém teste positivo, a pessoa será isolada e a informação será transmitida ao governo, que trabalhará com o caso para avaliar possíveis transmissões.
Estádios vazios
Todas as partidas serão disputadas sem a presença do público, existindo até um limite de pessoas envolvidas em cada jogo. No máximo 300 pessoas, sendo 200 dentro do estádio – jogadores, comissão técnica, médicos, delegados e membros da equipe de transmissão – e 100 fora.
O Borussia Monchengladbach encontrou uma forma de deixar as arquibancadas mais semelhantes a um jogo normal, colocando imagens de torcedores por 19 euros, que são revertidos para instituições de caridade da região. O Borussia Dortmund usou os telões em volta do campo para transmitir imagens da torcida; forma de motivar os jogadores com a presença digital, uma vez que sem torcida o campo torna-se, praticamente, neutro. A torcida, agora, se faz presente usando as hashtags que se referenciam aos eventos. Uma forma de se unir ao time e de, inclusive, contabilizar a audiência para as emissoras, patrocinadores e clubes.
Mudanças em campo
A liga aprovou uma medida da International Board (Ifab) que permite cinco substituições ao invés das três habituais para ajudar os clubes, já que a preparação física foi afetada pelo isolamento e os jogos terão que ser realizados em um espaço de tempo menor que o habitual.
Divisão de zonas e entrada no estádio
As pessoas que são necessárias no estádio para a disputa das partidas serão divididas em três setores para minimizar a possibilidade de transmissão por contato. Uma zona será apenas para os clubes e outra para as equipes de TV e segurança, com a última sendo para oficiais da liga.
Antes dos times entrarem no estádio, os jogadores serão avaliados pelos médicos dos clubes para possíveis sintomas de Covid-19. Será exigido um distanciamento de pelo menos 1,5 metro nos vestiários e as equipes entrarão em campo separadas para evitar contaminação.
Treinos
Segundo o Dr. Tim Meyer, membro da força-tarefa da DFL, não existem medidas específicas para os treinos em campo, apenas que cada jogador deve ter sua garrafa de água, trazida de casa, se possível.
Fora de campo, os jogadores devem manter distância nos vestiários e existe uma limitação de pessoas no chuveiro. Os atletas também foram recomendados a não dividir carros.
Além disso, durante os jogos percebi que os jogadores mantiveram distância de segurança no banco de reservas, que todos os profissionais envolvidos na transmissão do evento e assistência aos jogadores usavam máscaras de proteção e que os jogadores foram instruídos a trazer de e a levar o uniforme para casa, cuidando da sua própria higienização, além de não comemorar os gols se abraçando.
Alguns deslizes aconteceram, porque somos humanos, não é verdade? E temos que nos adaptar constantemente, nos manter alertas para “reconfigurar” comportamentos que já estão gravados em nosso cérebro e , por isso , são automatizados e eficazes para uma rotina típica. Para a gente que é fã de esporte, de shows ou celebrações, só esperamos que dê certo e que essas medidas se ampliem para o mundo, com segurança para preservar nosso bem mais valioso; nós mesmos e as pessoas que amamos.
Fonte das medidas protetivas : Yahoo Vida e Estilo